A paixão pela literatura oral



A literatura oral é feita de tradições e é cheia de encantamentos. A partilha de uma história que veio de anos atrás, trazida e movida por alguém que tirou a poeira da memória, desembaraçou as teias de aranha do tempo para alimentar e saciar os que, como eu, tem fome de histórias, é um momento mágico e cheio de mistério.

 A magia está no tempo e na velhice da história, mil vezes contada e recontada, em mil nuances. Depende de quem conta, como conta, onde conta, para quem conta e para quê conta. Chega de mansinho, na boca do vento, humilde que ninguém nota. Depois cresce, se agiganta, preenche a gente. E então se multiplica. É história-camaleão. É princesa de mil faces. 

Gerada no meio do povo, caminhante no mundo, viu guerras e conquistas, viu reinos, encantados ou não. Viu o deserto, os gigantes e os anões, a floresta, o sal, o mar e as embarcações. Viu as danças e os esconderijos. Viu um bebê num cesto, um tapete voador, o rapto de uma princesa. Chega trazendo o passado longínquo e remoto para o presente. É um causo? É um poema? Uma fábula? Um conto sem pé nem cabeça?

É inspirador, porque é feito de pedaços de todos nós, da nossa cultura, seja lá quem formos e onde estivermos. Retalhos de vidas. Bordado de sóis.

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