MÊS DE MARÇO - MÊS DAS MULHERES ?

 




Dia 8 de Março é o dia que muitas de nós esperam os parabéns, uma flor como agradecimento, enfim algum tipo de reconhecimento. E, apesar de tudo o que temos conquistado com muita luta e sofrimento, e tanta coisa que ainda temos a conquistar, eu gostaria que nos atentássemos no dia de hoje, um pouco menos ao reconhecimento que desejamos, a espera de que a sociedade assuma finalmente o quanto contribuímos para o crescimento do nosso país (seja qual país for), o quanto, apesar de todos os rótulos, julgamentos, subestimadas, subjugadas e mortas,ainda assim temos contribuído das mais variadas formas para o desenvolvimento social, tecnológico, empreendedor, econômico, político, acadêmico… afinal estamos em todos os setores da sociedade.

 



 Ainda assim, para ocupar estes espaços temos passado por cima de muitas coisas.

 Enquanto escrevo isso, me lembro da deputada Isa Penna, que em dezembro sofreu assédio dentro do seu ambiente de trabalho, por um colega deputado, na vista de todos os presentes. Me lembro também da juíza morta na frente das filhas, na véspera de natal,pelo ex-marido. E o vertiginoso aumento de casos de feminicídio durante a pandemia.

 Enfim, são muitos os casos que me vêm à memória e que mostram o quanto ainda nós mulheres temos a percorrer nesta via de luta pela transformação desta sociedade, cada vez mais decadente, que trata cada vez mais os seres humanos como coisas, e tanto mais as mulheres. Diante deste cenário, é importante ressaltarmos que somente através denossa própria atuação, seja lá o lugar o qual ocupamos no momento, público ou privado, é que maiores mudanças irão ocorrer. Estarmos unidas é primordial. Já é hora de deixarmos para trás qualquer tipo de rivalidade, de competição entre nós, para nos ampararmos, nos socorrermos nos agregarmos.



 Não há mais lugar para omissão. No momento em que eu ou você, no momento em que nós mulheres, fazemos vista grossa para algum tipo de ataque contra outra mulher, velado ou explícito, físico ou moral, alimentamos o monstro que nos engole a todas,sem distinção. Um monstro que vem sendo alimentado com nossas vidas, vontades,forças por séculos a fio, dilacerando nossos corpos e mentes. É nossa responsabilidade alimentarmos a egrégora da mulher forte, e que se impõe, que não se deixa subjugar quando atacada, é preciso ensinar nossas meninas. Isso é muito importante. Pois crescemos aprendendo que o lugar ideal para a mulher é a casa, aprendemos que era falta de educação contrariar, discordar, e que devíamos sempre aceitar as “coisas comoelas são” e isso foi se perpetuando, pensamentos ultrapassados, retrógrados, que ouvimos até hoje, e que mães ainda ensinam a suas filhas, porque assim foram ensinadas. Temos que ensinar nossas meninas a pensarem por si mesmas, a crescerem e ocuparem os espaços, a serem donas da própria razão e do próprio corpo, a ter empatia por outras mulheres… há muito o que fazer, e temos que ser o exemplo para elas seguirem. Temos que inspirá-las com nossas atitudes, e mostrando o quanto mulheres antes de nós fizeram e lutaram.




Por isso, neste mês  convido você, não a comemorar qualquer coisa que seja, convido você a, juntamente comigo, refletirmos sobre nós mesmas, analisarmos nossa caminhada até aqui, a fim de aprendermos a nos defender de uma sociedade que quando lhes é conveniente nos exalta (como mãe, protetora do lar, santa) mas que, na maior parte do tempo nos agride das mais diversas formas. Agora mesmo, enquanto escrevo, vejo a pauta que uma mulher, apresentadora de um programa de TV onde o público é em sua maioria composto por mulheres, composta por assuntos inspirados no dia internacional das mulheres: roupas para todos os tipos de corpos femininos, que deveriam ir além do P, M, G. Também fala sobre quebrar os padrões de beleza e a elevação da autoestima da mulher. Outro assunto será amamentação. E apesar, de compreender totalmente como essas pautas são importantes e relevantes, e ao mesmo tempo leve e de interesse “sabidamente” feminino, em nenhum momento chegou-se ao cerne do problema. 



Que, ao tratarmos de corpos, há um cérebro dono daquele corpo, dono de si e o quanto a sociedade ainda quer ter as rédeas desses corpos, tanto para subjugar quanto para uso capitalista, já que o corpo da mulher é o alvo de muito do que é produzido para consumo. Hoje com toda certeza as mídias abordarão das maneiras mais equivocadas o assunto mulher. É por isso que eu digo: no meio de todo esse bombardeio diário que recebemos já está mais do que na hora de aprendermos a nos proteger dessa sociedade e nos defender dela. 



Eu te convido a refletir sobre alguns pontos importantes que podem servir de partida para uma ação que pode começar individual e ir alcançando as mulheres do seu entorno:


👧 Mulher respeita mulher: em nossas diferenças e histórias de vida. Não diga “isso não existe”, quando alguém lhe contar algo particular, só porque não aconteceu com você. O nome disso é empatia, fraternidade, afinidade, compaixão, é benignidade.






👧Não destrua o sonho de outra mulher: não diga você não consegue, ou, isso não é pra você. Não faça pouco de algo que outra mulher conquistou, não menospreze outra mulher apenas para você se sobressair. Seja uma mulher que levanta outras mulheres.





👭Mulher não perpetua o machismo e o patriarcado às suas filhas e filhos, em sua família e em seus locais de convívio. Seja você a mulher a interromper esse ciclo de conformismo com o estado de coisas atual. Não se omita ao ver mulheres da sua família sendo humilhadas ou rebaixadas. Se oponha, deixe registrado que você não compactua com o acontecido. Ensine suas filhas a beleza de ser mulher, seja positiva, mas ensine-as sobre as mazelas deste mundo e como se defenderem nas mais diversas situações. Não diga que elas são fracas ou dependentes. Ensine-as a serem independentes na vida e a respeitarem a história de vida de outras mulheres.



👭Mulheres educam meninas e meninos. É importante ensinar os meninos de sua famíli
que respeitar as mulheres e tratá-las com igualdade não é fraqueza. Ensine-os a não se
omitir diante de injustiças, e a se colocar no lugar do outro. Ensine-os a fazer parte do dia a dia da casa, dos afazeres domésticos para entender o conceito de responsabilidade compartilhada.




👸Mulheres são informadas e conhecem as leis de seu país. É essencial conhecermos nossos direitos e deveres a fim de compreendermos como funciona a nossa sociedade e de que forma vamos sendo tolhidas em nossos direitos e respeito aos nossos corpos e mentes. Sem conhecer a nossa realidade ajudaremos a perpetuar leis injustas contra nós mesmos. 


👸Mulheres estão em alerta. Não podemos nos dar ao luxo de não nos colocarmos em alerta, onde estivermos. Precisamos estar e ocupar todos os setores da sociedade, porém de forma crítica e alerta. Não podemos deixar assédio, perseguição, leis injustas, governantes corruptos no poder. Precisamos nos opor veementemente, conhecer a lei, e ir atrás de nossos direitos sempre que formos tolhidos nas nossas individualidades.


👩Mulheres se defendem diante de ataques de pessoas inescrupulosas, seja em casa, nas ruas, no trabalho, no transporte, em uma festa, etc. Estamos acostumadas, ainda que inconscientemente, a acreditar que os homens são fortes e que eles existem para nos proteger. Dessa forma, crescemos nos sentindo vulneráveis e dependentes. É por isso que quando somos atacadas ficamos sem ação, pois não fomos ensinadas a nos defendermos e termos voz. É preciso mudarmos isso com urgência!!!






👩Mulheres são donas da própria história. Valorize a história das mulheres da sua família. Celebre as mulheres da sua casa. Relembre em datas comemorativas aquelas que já se foram, o que faziam, como viveram. 




Enquanto não nos valorizarmos, não nos enxergarmos uma nas outras, os demais atores da sociedade também não nos valorizarão e o monstro dos séculos continuará a nos devorar e engolir. É preciso fortalecer dia a dia a egrégora feminina, isso será possível quando nos olharmos sem reservas, sem preconceitos. Que você MULHER seja feliz,que nós sejamos felizes, mesmo lutando. Porque não podemos prescindir da luta. 





☕escrito por Paula Vieira produtora de conteúdo digital do site Donna Cafeína
A reprodução é livre desde que citada a fonte.






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